Experimentar, testar, mudar de rumo, de opinião… Tudo isso faz parte e pode ser muito bom. Mas até certo ponto. Chega uma hora em que isso cansa, e começamos a sentir a necessidade de ter algumas coisas mais bem definidas na vida, ou saber, pelo menos, que estamos no caminho certo — ou algo próximo disso. Posso estar longe de onde desejo, mas estou aqui fazendo essa e aquela coisa que vão me ajudar a “chegar lá”.
Diferentemente da maioria das pessoas, não sofri para decidir para que curso prestaria vestibular — a área de Comunicação sempre me chamou mais a atenção do que qualquer outra. E embora tenha pensado em desistir do curso de jornalismo algumas vezes durante a graduação, não vislumbrava nenhum outro que tivesse mais a ver comigo (o problema era a vida acadêmica em si), ou mesmo outra alternativa fora da universidade — pelo menos naquele momento.
Por mais “tortuoso” que possa ter sido até certo ponto, aquele parecia o caminho ideal para mim. Mas quando me formei (em 2014), me vi completamente perdida.
Sempre ansiei muito por esse momento da minha vida, em que teoricamente teria o poder de decidir como gostaria de viver e o que gostaria de fazer, depois de cumprir todas as obrigações com escola e universidade, que tanto me sufocavam. Mas aí vem aquela história: “O que é que vou fazer com essa tal liberdade?“
Durante a graduação, fiz estágios em TV e assessoria de comunicação empresarial, e dei aulas de redação no Cursinho Popular da UFV. Depois da minha formatura, fiz freelas de repórter em revista (e ainda vendi os anúncios) e de redação e revisão de blogsposts. Já vendi semijoias e cosméticos, trabalhei como maquiadora, passei por agências de publicidade, e tive um único emprego formal como analista de conteúdo na maior empresa de marketing de conteúdo do Brasil, onde fiquei por 2 anos.
Ou seja, uma verdadeira salada de experiências!
Participei, ainda, de inúmeros processos seletivos e disparei currículos para todos os lados que se possa imaginar. Um dia, limpando minha caixa de e-mail, fiquei chocada ao me dar conta de quantas tentativas eu já fiz, mas nada muito direcionado, sabe?
O único emprego que me lembro de querer muito foi o de trainee na Fundação Lemann (infelizmente, não rolou). De todas aquelas experiências que tive, arrisco dizer que a melhor foi a do cursinho, quando me apaixonei pela Educação — motivo pelo qual trabalhar em uma empresa ligada ao setor me atraía tanto.
Já falei “sim, tenho interesse” para muito emprego que não tinha nada a ver comigo ou com o que eu queria — mesmo que eu não soubesse exatamente o que queria, fui descobrindo o que eu, definitivamente, não queria —, simplesmente pela pressão de ter um emprego para ser “aceita socialmente” e “provar meu valor”, já que eu era, afinal de contas, uma “jornalista formada” — ainda que tal diploma não esteja valendo grande coisa.
Por causa disso, tinha muita dificuldade e até um pouco de vergonha de investir nessas “oportunidades aleatórias” que surgiram em meu caminho, como a maquiagem e venda de cosméticos e semijoias. Por mais que gostasse de trabalhar com isso, encarava apenas como “bicos” para ganhar algum dinheiro até arrumar um “emprego de verdade”.
Consequentemente, não me dediquei o suficiente e, portanto, não sei até onde poderia ter ido ou o que esses trabalhos poderiam ter me rendido. Mas acredito no clichê de que toda experiência é válida, e cada uma delas me acrescentou algo, principalmente em termos de networking e relacionamento interpessoal — para citar algumas palavrinhas repetidas à exaustão aqui nesta rede.
Hoje, tenho cada vez mais convicção de que meu “trabalho ideal” é autônomo. Gosto de trabalhar de casa, de ser dona do meu tempo e fazer os meus próprios horários — bem antes da pandemia, que obrigou tanta gente a trabalhar nesse formato, para alegria de uns e tristeza de outros. No entanto, ainda estou desenvolvendo a disciplina necessária para que isso possa, de fato, funcionar bem para mim.
Minha busca por propósito não é de hoje — é de antes do desgaste desse termo. Sempre quis trabalhar com algo que estivesse alinhado com minha essência e que fosse relevante socialmente, contribuindo para fazer do mundo um lugar melhor para se viver e/ou para melhorar a vida das pessoas de alguma maneira — por mais utópico que isso soe.
Fiz Método CIS (Coaching Integral Sistêmico), Catálise e Laboratório (atualmente, Autoconhecimento na Prática e Liderança na Prática, da Fundação Estudar) e, mais recentemente, concluí o programa Viva seu Propósito (do Luz da Serra). Por mais ressalvas que eu possa ter atualmente com esse tipo de curso/treinamento/coaching, na época eu acreditava que isso pudesse me ajudar a “me encontrar”.
Também experimentei variadas terapias holísticas, como reiki, barras de access e constelações familiares, além de ter escrito um livro sobre o tema como trabalho de conclusão de curso — embora hoje tenha também vários “pés atrás” com esses métodos.
Faço yoga, meditações guiadas, além de acompanhamento psicológico (terapia cognitivo-comportamental) — haja TCC na minha vida — e psiquiátrico. Em meio a tantas buscas, dúvidas, angústia e ansiedade, o maior desafio é recuperar/manter o equilíbrio emocional.
Li, ainda, vários livros de autoajuda, assisti a inúmeras palestras e vídeos no YouTube… Enfim, tudo o que envolve autoconhecimento, desenvolvimento pessoal e afins costumava despertar meu interesse, mas eu ando cada vez mais desconfiada e crítica em relação a esse mundinho “good vibes” e “gratiluz”, haha. Enfim, sinto que já evoluí muito pessoalmente, mas, profissionalmente, ainda me sinto um tanto estagnada.
Como falei outro dia nos stories do meu Instagram, eu me sentia frustrada por já ter feito tantas coisas nesse sentido e ainda não ter, de fato, “me encontrado”. Acontece que comecei a me dar conta de que esse é um processo constante, que talvez nunca tenha fim. Afinal, sempre temos algo a aprender, muito a evoluir e a vida é mesmo cheia de altos e baixos (mais alguns clichês verdadeiros, check!).
Só que, ao mesmo tempo, estou cansada de tentar, tentar e tentar… Olho para trás e vejo uma colcha de retalhos de experiências que parecem não se encaixar, pelo menos à primeira vista. Olho para frente e a visão ainda é meio nebulosa, ao passo que alimento expectativas bem altas de futuro.
Sei que me boicoto, que me proponho fazer determinadas coisas e não cumpro e tenho dificuldade de colocar em prática os aprendizados que tive com os cursos, livros e terapias que mencionei. Para além da autossabotagem, a ansiedade e a depressão representam um obstáculo aparentemente maior do que eu consigo lidar, muitas vezes.
Tem dias em que quero “abraçar o mundo“, e me falta energia para cumprir as tarefas mais básicas do dia a dia. Não tenho vontade nem de sair da cama. Sinto uma fadiga constante e uma angústia esmagadora.
Penso que preciso, de uma vez por todas, encarar a realidade e assumir as responsabilidades da vida adulta. Mas há momentos em que ainda me vejo como uma criança indefesa, esperando alguém me salvar (de mim mesma, principalmente).
Tenho esperança de que tudo pelo que eu passo e já passei faça sentido em algum momento e seja útil quando eu finalmente encontrar meu “verdadeiro propósito de vida” (se é que isso existe mesmo, confesso que ando meio descrente). Tento aprender as lições que cada uma dessas situações pode me proporcionar, mas confesso que ainda não sou muito resiliente (mais uma palavrinha da moda, argh!).
No campo pessoal, já realizei um dos meus grandes sonhos, que era o de me casar. Fico pensando que, se eu aplicasse na minha carreira a mesma energia e empenho que tive para organizar meu casamento, tudo poderia ser diferente. Só não descobri ainda o que mais pode fazer meu coração vibrar tanto quanto por aquele desejo ardente, que me fez transpor todas as barreiras imagináveis, concretizando em um dia o sonho de uma vida, e de uma forma ainda melhor e mais especial do que eu idealizava.
Mas sobre essa história de trabalhar com o que se ama, tenho minhas dúvidas. Fosse assim, eu deveria seguir carreira em alguma área relacionada a casamentos, viagens ou maquiagem. Já tive um perfil dedicado a viagens (e comida) no Instagram e já atuei como maquiadora freelancer, conforme mencionei. Mas sinto que a obrigação de fazer me tira o prazer — aí fica difícil, né, minha filha?
Se você chegou até aqui, já deve ter percebido que foco não é mesmo o meu forte. Agora mesmo, por exemplo, não sei se me preparo para ser mãe ou para viajar pelo mundo (dois dos meus maiores sonhos). Ambos exigem uma quantia considerável de dinheiro — e nenhum parece ser uma boa ideia no meio de uma pandemia, óbvio, mas quero ter algo para me agarrar em meio a tudo isso para, quem sabe, estar “pronta” ou mais próxima de realizar quando tudo isso passar.
Então, antes disso, seria bom descobrir logo minha “verdadeira vocação” para trabalhar com prazer, entregando valor para as pessoas, e ver se, assim, finalmente a prosperidade vem. O fato é que, do jeito que está, não dá para ficar. Preciso me refazer, mudar de atitude, reconstruir minha história e começar a construir uma carreira alinhada com o que acredito e que seja compatível com o estilo de vida que desejo ter.
Isso inclui também me alimentar melhor, me exercitar mais e todas aquelas coisas básicas que a gente sabe que precisa, mas nem sempre — ou quase nunca — faz. Às vezes penso que nunca haverá tempo hábil para fazer tudo o que quero e preciso, me perco sem saber o que priorizar e acabo não fazendo nada. Também perco o interesse pelas coisas em um piscar de olhos.
Preciso incluir a tal da constância e da consistência no meu vocabulário — ou essas já estão caindo em desuso por conta do desgaste também? Enfim, preciso aprender a respeitar e passar pelos processos, e parar de interrompê-los pulando de galho em galho.
Escrever, por exemplo, é uma das minhas principais paixões e habilidades, que acabo não praticando ou aproveitando tanto. No fim das contas, acho mesmo que meu tão perseguido propósito esteja, como meu irmão disse certa vez, bem debaixo do meu nariz.
Acredito, cada vez mais, que ele esteja relacionado com comunicação e produção de conteúdo. Mas sobre o quê? Terapias? Autoconhecimento e desenvolvimento pessoal? Viagens? Maquiagem? Educação? Casamento?
Para quem/que público? Quem é minha persona? Em que formato e em que veículo/meio de comunicação eu devo produzir e distribuir esses conteúdos? Texto? Vídeo? Blog? Redes sociais? — é, meus amigos, a casa é de ferreiro mas o espeto é de pau (opa! Mais um clichê, fazer o quê?).
Só sei que cansei de lagartear. Quero, enfim, virar borboleta.
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Um comentário em “Eu cansei de ser essa metamorfose ambulante…”